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quinta-feira, junho 25, 2009

PR apela para ética e transparência nos negócios

O Presidente da República proferiu hoje declarações de excepção acerca de um negócio privado. A compra de 30% da Media Capital pela Portugal Telecom levou Cavaco Silva a apelar para "transparência e ética nos negócios". O Presidente reconhece as "dúvidas fortes" que se instalaram na sociedade portuguesa em torno deste negócio e considera "importante que os responsáveis da empresa de telecomunicações expliquem aos portugueses o que está a acontecer entre a PT e a TVI."
Ontem o Jornal de Negócios deu conta de um comunicado dirigido pela PT à CMVM, na terça-feira, dia 23, confirmando a existência de contactos com o Grupo Prisa. Este comunicado refere que nesse contactos se “abordaram diversos cenários de investimento, incluindo a possível aquisição de uma participação no capital social da Media Capital e formas de relacionamento entre esta empresa e a PT”.
O Governo detem uma golden share da PT, mas quando interpelado pela comunicação social acerca da notícia deste negócio, o Primeiro Ministro, José Sócrates, afirmou desconhecê-lo. O presidente do conselho de administração da PT, Henrique Granadeiro, não tardou a dizer que não tinha informado o accionista Estado, nem recebido instruções suas, acerca da possível compra da Media Capital.
O debate em torno deste negócio foi aceso na Assembleia da República e para Manuela Ferreira Leite "é uma questão altamente preocupante". Será "gravíssimo para a democracia e para a comunicação social" se o director-geral da TVI for substituido. A intenção de afastar o "incómodo" José Eduardo Moniz foi desmentida, mas a preocupação em torno do negócio é sublinhada pelas declarações do Presidente da República, nas comemorações dos 900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques, esta manhã em Guimarães.
No que se refere aos números do negócio da Media Capital, o Diário Económico noticia hoje que 30% da Media Capital corresponderiam a 84,4 milhões, se fossem comprados em bolsa. Isto, depois do BPI ter avaliado a participação em menos de 100 milhões de euros e de a Espírito Santo Research ter apontado um valor de 137 milhões, de acordo com o Jornal de Negócios.
Apesar do valor avançado, analistas da Espírito Santo Research consideram que “a PT não irá ser capaz de controlar a Media Capital”, sublinhando que a operadora “não tem quaisquer outros activos relacionados com a produção de conteúdos que lhe permitam retirar sinergias”. Com compra de parte da TVI, líder de audiências, a PT pretenderá reforçar a presença neste segmento, tendo em vista o seu crescimento no mercado doméstico.
Num mundo ideal, os objectivos económicos de uma empresa, mesmo que participada pelo Estado, não se confundem com intenções políticas. No mundo em que vivemos, a ética e a transparência são os critérios de destrinça. Seremos capazes de perceber as fronteiras neste caso?

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